No contexto de preparação e sobrevivencialismo, as frequências de rádio HF, VHF e UHF podem ser essenciais para garantir comunicação em situações de emergência, quando outras formas de comunicação, como internet e telefonia, estão indisponíveis. Cada faixa de frequência possui características que podem atender diferentes necessidades de comunicação de acordo com a situação e a geografia do local. Veja abaixo como utilizar cada uma delas:
1. HF (High Frequency) – Comunicações de Longa Distância
- Uso em Emergências: HF é ideal para comunicação de longa distância, tornando-o perfeito para manter contato com outros grupos, amigos e familiares em outras regiões, estados, ou até países. Em uma situação de desastre, como um furacão, terremoto ou enchente que afeta várias áreas, o HF permite receber informações e coordenar ajuda.
- Vantagem Estratégica: Se você está isolado ou em uma área remota, HF pode ser a única opção para se comunicar com o mundo exterior. Com a propagação adequada, você pode alcançar estações a centenas ou milhares de quilômetros de distância.
- Infraestrutura Reduzida: Como HF não depende de repetidoras, apenas de uma antena adequada e do transmissor, é ideal para cenários de colapso em que infraestruturas locais falhem. Isso torna a HF valiosa para comunicações em campo e para redes de apoio.
- Requisitos: É necessário mais conhecimento técnico e um equipamento mais robusto, mas, para quem se prepara para cenários de longo prazo, investir em equipamentos HF e antenas portáteis ou de fácil montagem com certeza vale a pena.
2. VHF (Very High Frequency) – Comunicação Regional e de Médio Alcance
- Comunicação com Grupos Locais: VHF é excelente para organizar e coordenar grupos em uma mesma cidade ou área rural. Isso é útil para manter contato entre membros de um grupo de preparação que estão em locais diferentes dentro de uma mesma região.
- Uso com Repetidoras: Muitas áreas possuem repetidoras VHF que ampliam o alcance da comunicação. Em situações de emergência, essas repetidoras podem ser ativadas por grupos de radioamadores para organizar esforços de ajuda.
- Aplicação Prática: Se você está em uma comunidade ou tem uma rede de contatos de sobrevivencialistas na mesma cidade ou em cidades próximas, o VHF pode ser uma boa escolha. Com uma linha de visão desobstruída ou repetidoras, o alcance pode ser suficiente para cobrir um raio de 50 a 100 km.
- Equipamento: Portáteis VHF (handhelds) são leves, compactos e práticos, sendo ideais para comunicação local e para uso em deslocamentos curtos em um cenário de sobrevivência, mas também temos rádios portáteis que entregam um pouco mais de potência, porém exige um pouco mais de itens para levar numa mochila (manpack)
3. UHF (Ultra High Frequency) – Comunicações Locais e Urbanas
- Ideal para Áreas Urbanas: Em cidades, onde edifícios e outras estruturas podem obstruir o sinal, UHF é ideal, pois penetra melhor nas construções do que VHF. Em cenários de preparação urbana, como um “bug-in” (permanecer em casa), UHF é útil para se comunicar com vizinhos ou grupos locais de resposta.
- Flexibilidade: Com rádios portáteis UHF, é possível se comunicar eficientemente em um bairro ou entre membros do mesmo grupo que estão próximos. É útil para manter vigilância e coordenação em curtas distâncias.
- Comunicação de Curto Alcance: UHF é útil para atividades dentro do perímetro de um acampamento ou base, sendo perfeito para operações de segurança e vigilância. Em cenários de sobrevivência onde cada pessoa tem uma função (vigília, patrulha, etc.), UHF oferece uma comunicação rápida e clara para pequenas distâncias.
- Equipamento Portátil e Fácil de Usar: Os rádios UHF portáteis são compactos e de baixo custo, permitindo que cada membro do grupo tenha seu próprio dispositivo. Em emergências de curto prazo, UHF pode ser suficiente para coordenar atividades.
Dicas Práticas para Preparadores e Sobrevivencialistas
Treinamento e Prática: Familiarize-se com o uso de cada faixa, pois cada uma exige técnicas de operação e habilidades diferentes. Saber configurar corretamente o rádio, ajustar a antena e escolher a frequência certa pode fazer uma grande diferença.
Redes de Radioamadorismo: Seja um radioamador participe ativamente de grupos de radioamadores que simulam situações de emergência. Isso permite praticar a comunicação em situações próximas às reais e aumenta a confiança no uso do rádio.
Redundância de Comunicação: Considere ter rádios para HF, VHF e UHF, se possível, para garantir opções de comunicação em diferentes distâncias e cenários.
Conheça as Repetidoras Locais: Em regiões com repetidoras, saiba onde elas estão e quais frequências usam. Isso pode facilitar a comunicação de médio alcance em situações de emergência.
Estudo de Propagação: Em HF, é importante estudar a propagação das ondas e as faixas de frequência mais adequadas para cada período do dia, já que a ionosfera e o ciclo solar afetam a comunicação de longa distância.
Energia Alternativa: Para situações de colapso, ter fontes alternativas de energia para os rádios, como baterias de reserva, painéis solares portáteis ou geradores manuais, é fundamental para garantir que o equipamento permaneça operante.
A combinação dessas faixas, associada a boas práticas, conhecimento técnico e treinamento, torna o rádio um recurso essencial para preparadores e sobrevivencialistas, garantindo comunicação confiável em cenários onde outros meios falham.